domingo, 26 de agosto de 2012

Hora do Chá

    Gueixas

  Olá, não se enganem, pois ninguém aqui morreu ainda. Sei que isto aqui está as moscas, porém, voltei com um tema que me atrai muito para conversarmos. Aliás, para combinar com o tema, vamos nos teletransportar para baixo de uma cerejeira, a qual estranhamente está florida fora de sua época. O chá é escolha sua como sempre, temos todos os sabores que lhe apetecer.
  
   Há algum tempo eu vi o filme "Memórias de uma gueixa", mas não posso dizer que fiquei satisfeita, afinal, as garotas eram chinesas, e a história se passava no Japão. Um erro geográfico muito comum, mas terrível. Fora isso, teve a parte delas serem retratadas como prostitutas. Eu fiquei desiludida, porque achava o máximo aquelas garotas lindas, com quimonos coloridos e o rosto pintado de branco. Imaginar que elas vendiam seus corpos me fez um pouco mal. Porém, tirando isso, o filme é maravilhoso e é o mais perto que conseguiram chegar da vida da gueixa sem deixar chato ou cruel. Porque sim, vida de gueixa era - e é - muito sofrida.
    
     Todavia, estava pesquisando sobre esse assunto, e descobri que a gueixa que deu as informações para o livro, está processando o escritor por conta do jeito que ele falou de sua profissão. De acordo com ela, a gueixa não é uma prostituta, nunca foi e nunca será, aliás, existiam leis que as impediam de se prostituir. Minha esperança voltou, eu tinha certeza que alguma coisa estava errada, e aquilo só tinha confirmado tudo. Para finalizar, fiz uma pesquisa sobre a gueixa e estou ainda mais apaixonada por estas garotas e mulheres incríveis que alugam sua companhia para homens importantes.

   Para começar, não existe o plural de "gueixa", só se usa no singular, mas ninguém liga para isso, então, continuemos. Antes de tudo, tudo mesmo, as primeiras gueixa, não eram mulheres, e sim, homens. Olha o yaoi ai gente! Isso era porque não era permitido mulheres cortejarem homens, então outros homens faziam isso. Depois de um tempo, as mulheres foram aperfeiçoando suas artes, e com isso, se tornaram prósperas na arte do entretenimento. O governo não gostou disso, assim, as proibiu de vender seu corpo, obrigando-as até a amarrar o quimono por trás, para ser mais difícil de tirar. Porem essas medidas acabaram atraindo ainda mais clientes para elas.

   Com a popularização da gueixa, começaram a surgir casas de treinamento para elas, chamadas de oky-ida. As meninas eram vendidas com seis aninhos e passavam a ter uma nova família, a dona da oky-ida era a mãe, e as outras servas eram as irmãs. Até uns dez anos, elas eram apenas empregadas e a partir dai, começam a treinar para ser tornarem gueixa, ou continuar servindo as outras pelo resto da vida. Com quinze anos, achavam uma "onee-san" que as inseria no mercado e as apresentava para clientes. Depois de muito treino, elas eram consideradas uma verdadeira gueixa. Logicamente, isso era privilégio para poucas.

    Depois da segunda guerra, qualquer uma com quimono e o rosto pintado se dizia gueixa, por isso, a imagem delas caiu tanto, pois eram essas impostoras, que atendiam aos soldados estrangeiros. Mas é fácil diferenciar uma prostituta de uma gueixa, pois elas amarram o obi na frente, para tirar mais rápido.

    Hoje em dia, é proibido vender meninas de seis anos para oky-idas a vá, é mesmo?, mas as filhas de gueixa começam o treinamento com essa idade. Em geral, depois do ensino médio elas decidem por essa vida, é uma escolha parecida com uma faculdade de medicina, pois dura no mínimo seis anos até ficar completa. Continua sendo uma profissão muito linda e graciosa, pois elas aprendem a fazer as coisas mais simples do dia-a-dia, com uma perfeição anormal, como, por exemplo, servir o chá.

    Outra coisa que gostaria de ressaltar... Você, amiga ou amigo que viu ou leu "Memórias de uma gueixa", saiba que elas NÃO vendem a primeira vez delas. Isso era uma coisa que apenas prostitutas faziam. O autor misturou tudo nesse ponto, o que fez a ex-gueixa que deu as informações ficar ainda mais furiosa. Ela afirma que o flerte sutil é a principal graça delas, não há como passar disso. A não ser, que ela sinta algo muito forte e que ele seja seu danna, algo como um patrocinador. Um danna geralmente é um homem rico, que está disposto a pagar as despesas da vida de uma gueixa.

    Sempre que falo nesse assunto, me vejo em apenas duas situações: exaltando essas mulheres ou gritando com a pessoa para explicar que elas não se vendiam. Mas tudo bem, sou otaku e me acostumei com pessoas ignorantes banalizando a cultura japonesa. Faço isso mais por elas do que por mim, afinal, não é nada bom ter o mundo pensando mal de você.
     Espero que vocês tenham gostado e que eu não tenha falado nem muito, nem pouco. Obrigada por ler, isso me deixa muito feliz. 

                          By: Kaori

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